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O que é a Caridade?
O que é a Caridade?

O que é a Caridade?

É dar esmolas, levar comida aos necessitados, comprar uma rifa beneficente?

Fazendo isto estaríamos com a consciência limpa de que estamos exercitando uma das virtudes?

Caridade é sinônimo de amor, bondade, benevolência e compaixão. É o ajudar o outro sem buscar nenhuma recompensa. É um sentimento com duas vias, tanto para si quanto para o outro. Para o Cristianismo, é o amor ao outro como a nós mesmos.

 

Os dois mandamentos cristãos

Na Última Ceia, Jesus instruiu os seus apóstolos com um novo mandamento: “amar a nós mesmos, assim como ele nos amou, e amarmos uns aos outros”. Os mandamentos da lei de Deus resumem-se em amar ao Criador sobre todas as coisas e ao próximo como a nós mesmos. O amor, portanto, é a perfeição da lei.

Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros”. O complemento do mandamento que fora deixado. Ao pensarmos na caridade como a virtude que identifica os cristãos, logo vemos que a maioria dos que se dizem cristãos na verdade não o são.

A primeira obrigação cristã é amar ao Criador “com todo o teu coração, com toda a tua alma, com toda a tua mente e com todas as tuas forças”. Ele nos amou antes e nos criou, então é digno de nosso amor.

A segunda obrigação é estender esse amor a nós mesmos e aos outros. É claro que este amor deve ser disciplinado para que possamos verdadeiramete buscar os bens da alma e do corpo. Ao desejar descumprir as Leis, afastarmos de Deus, nós não estaríamos nos amando de verdade.

“Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

E ainda que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

E ainda que distribuísse toda a minha fortuna para sustento dos pobres, e ainda que entregasse o meu corpo para ser queimado, e não tivesse amor, nada disso me aproveitaria.

O amor é sofredor, é benigno; o amor não é invejoso; o amor não trata com leviandade, não se ensoberbece.

Não se porta com indecência, não busca os seus interesses, não se irrita, não suspeita mal;

Não folga com a injustiça, mas folga com a verdade;

Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

O amor nunca falha; mas havendo profecias, serão aniquiladas; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, desaparecerá;

Porque, em parte, conhecemos, e em parte profetizamos;

Mas, quando vier o que é perfeito, então o que o é em parte será aniquilado.

Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.

Porque agora vemos por espelho em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei como também sou conhecido.

Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três, mas o maior destes é o amor.”

De que adiantaria sermos ricos em dons espirituais se somos pobres de ações?

De que adiantaria termos fé para remover montanhas, mas não tivermos o amor?

Ora, conhecemos se a árvore é boa através de seus frutos, alerta-nos Jesus. A mudança íntima, a luta constante contra nossas imperfeições, é algo que deve fazer parte de nossa vida. Caso contrário, só iremos fazer barulho e chamar atenção…

Conforme Tiago, a fé sem obras é morta. Não importa a fé que possuímos se não temos obras, se não exercitamos as nossas virtudes. Estas obras não são o forçar ao outro para seguir as nossas crenças, a ter o nosso caminho como o único e exclusivo caminho que guia ao Criador. O bom exemplo é a melhor forma de expressar a nossa fé. Não é pregar verbalmente a caridade, mas atravésde nossas próprias ações e modo de ser.

A caridade inclui o saber que as dificuldades são obstáculos que objetivam o progresso espiritual. Alia a bondade a todos, independentemente do que já fizeram contra nós. A vingança e ódio corrompe, o perdão nos enobrece. A levianidade traz-nos consequências inesperadas, a prudência contribui para nos aproximarmos de Deus.

Não podemos dizer que amamos a Deus se não amamos ao próximo. “Se alguém diz que ama ao Criador e odeia ao seu irmão, é um mentiroso, pois quem não ama a seu irmão a quem vê, como poderia amar ao Criador a quem não vê?” Amemos aos outros por amor ao Criador, não simplesmente tendo simpatia, admiração ou altruísmo, mas verdadeiramente amando.

E as esmolas?

Muitos vêem a caridade apenas como algo material. Acabam resumindo a caridade à doação de roupas, alimentos e dinheiro. De fato, ao fazermos isto com intenção generosa, empatia e espírito de benevolência estamos fazendo caridade. Porém, esquecem-se que as virtudes são expressadas em quatro âmbitos – físico, emocional, mental e espiritual, sendo esta apenas uma expressão da caridade no âmbito físico.

Já perceberam que existem pessoas com um armário cheio de roupas, uma mesa repleta de refeições, uma casa dos sonhos e um veículo muito caro que não possuem fé e esperança? Aí poderíamos expressar a nossa caridade, trazendo-os a perspectiva para o amanhã e o consolo que tanto necessitam.

As nossas ações não podem ser repletas de intenções secundárias. Não podemos dizer que somos caridosos se sempre que vemos uma pessoa passando necessidade formos ajudá-la. Onde ficaria a disciplina? Entramos agora na questão das esmolas.

Aconteceu comigo, e creio que com muitos de vocês, que ao darmos esmolas a uma pessoa necessitada, que a pede em busca de alimento, transporte ou medicamentos, vermos depois de algum tempo esta mesma pessoa utilizando o dinheiro que damos para comprar bebidas alcoólicas e até mesmo drogas. Será que ao fazermos isto fomos caridosos se a nossa esmola na verdade não beneficiou o outro?

A intenção de ajudar o outro, com benevolência e boa vontade, sem segundas intenções, é o que vale nesses casos. Porém, se sabemos que aquela esmola vai constituir algo ruim para aquele em que ajudamos, acabamos por gerar carma negativo a nós. Existem casos que o necessitado pede tanto que algumas pessoas, ao perder a paciência, dá o dinheiro aquela pessoa, mesmo sabendo que ele é um tremendo beberrão… Caso contrário, naquelas ajudas em que não conhecíamos, julgando que eles realmente utilizariam o dinheiro dado para o alimento, mas usou para a cachaça, por exemplo, o que valeu foi sua intenção.

A caridade pode, portanto, ser compreendida como um conjunto de atributos morais e espirituais – doação, ajuda, bondade, perdão, prudência, decência, tranquilidade, sabedoria, justiça, amor, dentre outras. A fé e a esperança são assessoras da caridade, que é o sentimento principal a ser buscado pelo místico, a fim de libertar-nos das amarras do orgulho e caminharmos rumo à Transcendentalidade.